Vlny

Jiří Mádl has managed to do something that is hard to see in contemporary Czech cinema, he made a film of European quality. He tells a story that, without any pathos and black and white, works well as a historical account, but also as a parallel to the present time and recent events elsewhere. The 130 minutes pass like water and the film resonates nicely after the end, as confirmed by the huge audience applause at this year's premiere in the Great Hall. [KVIFF 2024] (02/07/2024)

De todas as realizações de Jiří Mádl até ao momento, que sempre foram marcadas por uma ingenuidade e implausibilidade bastante acentuadas, Waves é de longe a melhor. Entre outras coisas, porque já não sofre desse sintoma. O filme é muito bem conduzido do ponto de vista dramatúrgico e a sua narrativa clássica, cuidadosamente estruturada, entrelaça sem problemas um grande número de linhas de enredo. O filme apresenta um trabalho artesanal de alto nível em todos os aspetos, seja no estilo de época, nos trajes, nos desempenhos dos atores ou na música. É graças à música pulsante, à edição dinâmica e ao talento para construir a tensão das cenas que envolvem um confronto entre a polícia e estudantes em manifestação, a chegada dos tanques a Praga em agosto de 1968 ou o ataque militar ao edifício da Rádio Checa, podem competir em intensidade e espetáculo com muitos thrillers de ação de Hollywood. Há uma clareza total na multiplicidade de personagens secundários bem escritos e cheios de carácter, baseados em jornalistas e apresentadores de notícias reais da redação estrangeira da época, que lutaram contra a censura durante a primavera de Praga e tentaram manter as emissões no ar a todo o custo durante a invasão - bem como nas suas emoções e motivações. Esta importante história merecia um tratamento honesto, sofisticado e de primeira categoria, pelo que é extremamente gratificante que, no contexto dos filmes de época checos dos últimos anos, Waves esteja entre os mais bem conseguidos. (02/07/2024)